Não conhece o pai,
não sabe do país,
sem certidão, batismo,
criado na rua; flanelinha,
nem sabe onde vai,
não é a vida que quis,
joga bola, solta pipa,
sem escola,
pede esmola,
céu é o seu teto,
jornal, o cobertor,
logo se envolve com drogas,
(queria ser arquiteto)
desconhece o amor,
cheira cola,
fuma pedra,
torna-se soldado do trafégo,
se acha herói,
ama o funk,
cordão de ouro,
ídolo das meninas
da favela, do morro;
até que é encontrado
crivado de balas, nada doces,
coberto de manchetes,
ignorado pelos passantes,
corpo inerte no chão;
talvez descanse agora,
terá seu pedacinho de terra,
fim da guerra,
nem uma vela, oração,
a rotina segue enfandonha,
esperando outros pivetes.
[Gustavo Drummond]
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